Dançar...


Os olhos dele pareciam duas pedras preciosas a me encarar. Todo mundo já tinha percebido e eu, me fazia de desentendida. As luzes fluorescentes da casa, pareciam feitas por encomenda para aquela noite. No meio da multidão, todos estavam se divertindo muito. Eu dançava na frente dele, fazendo tudo que as outras não tinham coragem nem de pensar. Ele apenas observava, sem nada a dizer. Foi quando eu investi e o beijei. Seus lábios eram doces como um bolo de aniversário. Os seus braços me envolveram num abraço mortal, fazendo eu me sentir literalmente nas nuvens.
Conversamos um pouco sobre tudo. Sobre música, sobre festas, sobre amigos... E descobrimos que tínhamos muito em comum. A banda favorita dele era a mesma que a minha. Discordamos apenas nas canções. Ele preferia “Tainted Love” e eu “Heart-Shaped Glasses".
Eu morava sozinha já fazia mais de um ano. Os meus pais se divorciaram e eu não quis ficar com nenhum deles, preferi a casa. Convidei-o para ver uns vídeos comigo, e digamos de passagem que eu nunca chegaria a ligar a T.V.
Logo na entrada da casa, ele me apertou com força e me jogou contra a parede, fazendo as lascas caírem. Com uma tremenda força, ele me beijava sem se importar em ser correspondido. Foi ali que ele errou. Existem horas que a uma garota prefere tomar frente no campo de batalha, e aquela era uma. Estava cansada de homens que acham saber tudo, e nem davam a mínima se eu gostava ou não.
Deixei ele brincar um pouco comigo, fiz ele acreditar que seria fácil. É bem provável que ele estava acostumado com aquela situação. Claro, aproveitei também, mas pra ser sincera, não estava nem um pouco interessada em sexo com aquele cara, não mais. Pelo menos ainda não.
Quando entramos, ele logo foi tirando a camisa e mostrando seu corpo pra mim. Ele chegava a ser tão pálido quanto eu. Várias tatuagens cobriam seus braços e peito.
Já no quarto, mostrei a ele minha cama e pedi pra que ele esperasse nela. Fui até a cozinha e peguei um brinquedinho para ele. Olhei para minha arma, linda, reluzente como sempre. Um espelho pra mim.
Alguns homens só aprendem quando coisas terríveis acontecem e não posso dizer que essa seria a primeira ou a última vez. Quantos homens eu havia trazido pra cá e fiz o que fiz pelo mesmo motivo. Controle. O mais difícil era me livrar do corpo. Um riozinho passava há algumas ruas dali, mas eu era frágil e esses caras geralmente eram bem mais fortes que eu.
No quarto ele estava impaciente e despido. Chamou-me com certa arrogância, à de quem já conseguiu o que quer. Uma palavra define esse tipo de gente, e é “morto”.
Joguei-me na cama e abracei o seu corpo, o deixando tentar me despir. Quando eu fiquei nua pra ele, seu sorriso ficou estremecido. Algo como, “Ual”. Seus dedos tocavam minha intimidade e eu me entreguei um pouco. Eu mereço ter um pouco de prazer não? Deixei que ele me fizesse gozar umas quatro vezes antes de permitir que ele me penetrasse. A cara dele era impagável. Se ainda houvesse algum charme nele, teria ido embora naquele exato momento.
Seu corpo se debatia com força contra o meu, e os seus gemidos me deixaram sem entender nada. Ele mais parecia um virgem do que o cara experiente que todo mundo falava.
Tomei o controle e montei nele. Fiz tudo sozinha, e devo admitir que eu chegava perto da perfeição. Ele sussurrava coisas pra mim, coisas sem sentido algum. Literalmente, eu fiz sexo com um boneco. Trepei comigo mesmo, meus dedos seriam bem melhor do que ele. Ouvi em meio aos seus gemidos, as palavras “Me chupa logo, foi pra isso que eu vim”. Claro, agora sim eu faço o que ele quer. Chupei até seu pau ficar enorme e latejando. Agora era hora da minha surpresa. Peguei a faca no meio das minhas roupas e com bastante destreza eu decepei seu órgão. Os gritos davam pra serem ouvidos há quilômetros de distancia. Talvez eu tivesse extrapolado dessa vez, mas eu continuei. A dor que ele sentia o deixou vulnerável pra mim. Cortei tudo, e ainda fiz várias marcas em seu corpo. Senti que ele me socou, mas não consegui ver. Seu punho batia com força na minha cara, e então, desmaiei.
Acordei numa sala branca, cheia de pessoas a minha volta. Minha mãe e meu pai estavam ali, com seus respectivos amantes. O médico dizia que logo eu ia me recuperar do trauma e que poderia ir pra casa. Meu pai se aproximou de mim e disse que aquele cara estava no hospital da penitenciária e que ele não sobreviveria, provavelmente. A polícia tinha deduzido, pelas marcas na entrada da casa, as lascas da tinta na parede, que eu tinha apenas me defendido de um cara violento, e que ele pagaria pelo que fez comigo.
Não acreditei no que ouvi, mas não pude deixar de sorrir para meu pai. Eu tinha feito o que eu queria, praticamente assassinado um rapaz e ainda era uma heroína? Essa é a justiça que vivemos.
Fiquei sendo paparicada pelos meus familiares, ouvindo histórias de como eu fui descuidada, de que eu não tinha responsabilidade, mas que mesmo assim, estavam contentes que eu tivesse me safado com vida daquele marginal.
Pensei em todos aqueles corpos que eu joguei no rio, se um dia viessem à tona, e se de algum modo, ligassem a mim... Devo aproveitar minha liberdade. Assim que meu rosto estivesse completamente curado, eu iria com certeza “dançar” um pouco mais!

Succubus


Naquela noite, tudo parecia tão normal. Arrumei meu longo cabelo da cor do sangue escarlate, que parece ter sido feito para matar. E é. Como de costume, desci até o porão para verificar como estavam meus “hóspedes”. Os gemidos e gritos avisavam que eles já sabiam que eu estava descendo. Toda noite, eu escolhia um, apenas um que iria saborear o gostinho da vida, antes da sua morte. Esse me possuiria, como os humanos dizem em suas horas de maior prazer. Os outros, serviriam apenas de comida pra mim. Apontei para um louro que estava encolhido no canto. Ele era encantadoramente lindo. Seus olhos azuis, quase irreais, me deixaram louca. Olhei para ele e com um gesto sensual, o chamei pra mim. Em segundos ele se levantou e caminhou para mim. Os humanos ficam hipnotizados com minha presença, não tem sequer escolha. Saímos do porão, e tranquei bem a porta.
Enquanto subíamos as escadas, dei uma olhada de leve para meu querido amante, que morreria hoje com toda certeza. Seus olhos faiscavam pra mim. Sua mente só pensava em uma única coisa: Sexo. Era basicamente isso, todos eles me desejavam, e eu, bem eu aproveitava ao máximo ante de matá-los.
Assim que chegamos ao quarto, retirei meticulosamente meu vestido transparente, deixando um corpo perfeito à mostra. Corpo esse que com certeza não era feito por deus.
Meu amante ficou extasiado com a visão e logo tratou de se despir por completo. Sentei na beirada da cama e abri as pernas num sinal convidativo. Ele ajoelhou perto de mim e começou a fazer exatamente o que eu queria. Sua língua dançava no meu sexo. Senti que estava gozando, deixando que ele sugasse minha libido pra dentro de sua boca. O prazer era tanto que quase me esqueci que era um humano ali. Apertei seu pescoço com tanta força, que ouvi o seu grito e dor, quando minhas unhas dilaceraram a carne. Eu o agarrei e lancei com força na cama. Os olhos esbugalhados dele já não eram tão sensuais, mas mesmo assim, eu iria transar com ele, morto ou vivo. Deitei por cima dele, e sentei no pau dele, que ainda estava duro. O desejo foi tanto, que eu deixei meus gritos chegarem aos céus.
Ele se mexeu bem devagar, e me mostrou que ainda estava vivo. Apenas acelerei meu ritmo e continuei montada em cima dele.
Durante o sexo, eu arranhava suas costas, fazendo o sangue nos banhar, lentamente. Ele gemia intensamente de prazer e chegou a tentar mudar de posição. Eu deixei, como boa vadia que sou. Ele ficou em cima de mim e tentava fazer força, em vão. Eu agarrei na cintura dele e o movimentei como uma marionete, para frente e para trás, numa velocidade inumana.
Senti ele gozar dentro de mim, e era maravilhoso! Aquela sensação, de consumar o pecado, deleitando-se com cada instante.
Quando acabamos ele virou para o lado e ficou encarando o teto. Eu queria mais, e estava disposta a ir buscar outro “lanchinho” no porão, caso ele não me agüentasse mais.
Levantei e fiquei de quatro pra ele, olhando para trás. Como um raio, ele se colocou de pé e me agarrou por trás. Sua mão me apertou com força. Suas unhas fincavam em minha pele, machucando-as, mas curando no mesmo instante. Os gemidos que ele emitia, significava que logo ele estaria pronto para o inferno. Eu gozei e foi bom, mas nada mais que isso. Me levantei e apertei o seu pescoço, fazendo o ar faltar nos seus pulmões. Ele ficou roxo e perdeu todo aquele charme de antes. Matei-o, como mato todos os outros.
Depois, somente o descarte. Consumi sua carne lentamente, começando pelo cérebro.  A parte mais gostosa pra mim, sem dúvida. Cortei seu peito e removi o coração. Eu o devorei com tanta voracidade que cheguei a morder meus próprios dedos no processo.
Eu adoro quebrar os ossos da vítima já sem vida. É como se , já que está morto, por que naão aproveitar um pouco mais? Desmembrei cada parte de seu ínfimo corpo e fui descartando o que eu não queria devorar. Joguei os poucos restos fora, sem me preocupar se alguém vai encontrar. O que me resta agora, pra um consolo, eram uns prováveis vinte homens fortes, que serviriam pra saciar meu infinito prazer, e depois, minha real fome. Minha fome de morte, de carne.
Talvez eu esteja sendo desleixada por que queira que isso acabe logo. Quanto mais tempo se vive entre os humanos, menos vingativa e descontente se fica.
Isso não é uma justificativa para as mortes que eu acarretei, não me leve a mal. A verdade é que eu simplesmente AMO o gosto da morte. Na verdade, fui criada pra isso não?
Deixei de fazer as coisas segundo as regras há muito tempo. Não me importo mais se “ele” vai “subir” aqui e me mandar de volta pra lá. O fato é que, o ardor das vitimas em minhas mãos, a sensação de arrancar a alma de alguém, lentamente, sentindo cada pedaço da carne viva... Isso me deixa louca, é um prazer sexual as ver implorando por um pouco mais.
Matei cada homem que estava ali, naquela mesma noite. Uns duraram mais, outros menos. Uns, imploravam por um pouco mais do meu prazer, outros, mal conseguiam abrir a boca pra respirar.
Suja de sangue e imunda no meu interior - O sêmen de vinte e um homens dentro de mim - saí com o corpo despido pela madrugada, à procura de uma nova vítima, um novo lar temporário. Logo, pelo menos uma cria iria nascer de mim. Logo, Terei uma companhia duradoura pra me acompanhar em minha atrocidades.
Meus olhos, perfeitos como o céu noturno, um dia podem cruzar o seu caminho, então cuidado, eu não faço distinção entre sexos, cores ou qualquer outra coisa. Todos são, vítimas em potencial.
Nada pode me parar.