Succubus


Naquela noite, tudo parecia tão normal. Arrumei meu longo cabelo da cor do sangue escarlate, que parece ter sido feito para matar. E é. Como de costume, desci até o porão para verificar como estavam meus “hóspedes”. Os gemidos e gritos avisavam que eles já sabiam que eu estava descendo. Toda noite, eu escolhia um, apenas um que iria saborear o gostinho da vida, antes da sua morte. Esse me possuiria, como os humanos dizem em suas horas de maior prazer. Os outros, serviriam apenas de comida pra mim. Apontei para um louro que estava encolhido no canto. Ele era encantadoramente lindo. Seus olhos azuis, quase irreais, me deixaram louca. Olhei para ele e com um gesto sensual, o chamei pra mim. Em segundos ele se levantou e caminhou para mim. Os humanos ficam hipnotizados com minha presença, não tem sequer escolha. Saímos do porão, e tranquei bem a porta.
Enquanto subíamos as escadas, dei uma olhada de leve para meu querido amante, que morreria hoje com toda certeza. Seus olhos faiscavam pra mim. Sua mente só pensava em uma única coisa: Sexo. Era basicamente isso, todos eles me desejavam, e eu, bem eu aproveitava ao máximo ante de matá-los.
Assim que chegamos ao quarto, retirei meticulosamente meu vestido transparente, deixando um corpo perfeito à mostra. Corpo esse que com certeza não era feito por deus.
Meu amante ficou extasiado com a visão e logo tratou de se despir por completo. Sentei na beirada da cama e abri as pernas num sinal convidativo. Ele ajoelhou perto de mim e começou a fazer exatamente o que eu queria. Sua língua dançava no meu sexo. Senti que estava gozando, deixando que ele sugasse minha libido pra dentro de sua boca. O prazer era tanto que quase me esqueci que era um humano ali. Apertei seu pescoço com tanta força, que ouvi o seu grito e dor, quando minhas unhas dilaceraram a carne. Eu o agarrei e lancei com força na cama. Os olhos esbugalhados dele já não eram tão sensuais, mas mesmo assim, eu iria transar com ele, morto ou vivo. Deitei por cima dele, e sentei no pau dele, que ainda estava duro. O desejo foi tanto, que eu deixei meus gritos chegarem aos céus.
Ele se mexeu bem devagar, e me mostrou que ainda estava vivo. Apenas acelerei meu ritmo e continuei montada em cima dele.
Durante o sexo, eu arranhava suas costas, fazendo o sangue nos banhar, lentamente. Ele gemia intensamente de prazer e chegou a tentar mudar de posição. Eu deixei, como boa vadia que sou. Ele ficou em cima de mim e tentava fazer força, em vão. Eu agarrei na cintura dele e o movimentei como uma marionete, para frente e para trás, numa velocidade inumana.
Senti ele gozar dentro de mim, e era maravilhoso! Aquela sensação, de consumar o pecado, deleitando-se com cada instante.
Quando acabamos ele virou para o lado e ficou encarando o teto. Eu queria mais, e estava disposta a ir buscar outro “lanchinho” no porão, caso ele não me agüentasse mais.
Levantei e fiquei de quatro pra ele, olhando para trás. Como um raio, ele se colocou de pé e me agarrou por trás. Sua mão me apertou com força. Suas unhas fincavam em minha pele, machucando-as, mas curando no mesmo instante. Os gemidos que ele emitia, significava que logo ele estaria pronto para o inferno. Eu gozei e foi bom, mas nada mais que isso. Me levantei e apertei o seu pescoço, fazendo o ar faltar nos seus pulmões. Ele ficou roxo e perdeu todo aquele charme de antes. Matei-o, como mato todos os outros.
Depois, somente o descarte. Consumi sua carne lentamente, começando pelo cérebro.  A parte mais gostosa pra mim, sem dúvida. Cortei seu peito e removi o coração. Eu o devorei com tanta voracidade que cheguei a morder meus próprios dedos no processo.
Eu adoro quebrar os ossos da vítima já sem vida. É como se , já que está morto, por que naão aproveitar um pouco mais? Desmembrei cada parte de seu ínfimo corpo e fui descartando o que eu não queria devorar. Joguei os poucos restos fora, sem me preocupar se alguém vai encontrar. O que me resta agora, pra um consolo, eram uns prováveis vinte homens fortes, que serviriam pra saciar meu infinito prazer, e depois, minha real fome. Minha fome de morte, de carne.
Talvez eu esteja sendo desleixada por que queira que isso acabe logo. Quanto mais tempo se vive entre os humanos, menos vingativa e descontente se fica.
Isso não é uma justificativa para as mortes que eu acarretei, não me leve a mal. A verdade é que eu simplesmente AMO o gosto da morte. Na verdade, fui criada pra isso não?
Deixei de fazer as coisas segundo as regras há muito tempo. Não me importo mais se “ele” vai “subir” aqui e me mandar de volta pra lá. O fato é que, o ardor das vitimas em minhas mãos, a sensação de arrancar a alma de alguém, lentamente, sentindo cada pedaço da carne viva... Isso me deixa louca, é um prazer sexual as ver implorando por um pouco mais.
Matei cada homem que estava ali, naquela mesma noite. Uns duraram mais, outros menos. Uns, imploravam por um pouco mais do meu prazer, outros, mal conseguiam abrir a boca pra respirar.
Suja de sangue e imunda no meu interior - O sêmen de vinte e um homens dentro de mim - saí com o corpo despido pela madrugada, à procura de uma nova vítima, um novo lar temporário. Logo, pelo menos uma cria iria nascer de mim. Logo, Terei uma companhia duradoura pra me acompanhar em minha atrocidades.
Meus olhos, perfeitos como o céu noturno, um dia podem cruzar o seu caminho, então cuidado, eu não faço distinção entre sexos, cores ou qualquer outra coisa. Todos são, vítimas em potencial.
Nada pode me parar.

2 comentários:

  1. Anônimo disse...

    Não tem como escapar dela,assim como não tem como escapar da morte!!!!!

  2. A forma como você descreve os fatos faz com que as coisas pareçam reais, faz com que pareçam ser da minha realidade, dai lembro que são só palavras ...
    Parabéns.

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