Podre Ilusão

Não posso acreditar nisso. Seu sorriso me fere. Depois de tudo que você me fez. Te o ofereci carinho e minha vida. Me entreguei . Desobedeci as leis por sua causa e perdi minhas asas pra ficar aqui. Sempre estive por perto quando precisou e o que ganhei em troca? Traição, desprezo.
Ouvi dos seus amigos que eu não passava de mais uma, que estava comigo por que eu “trepava” gostoso. Sabia de tudo, mas aceitava. Acreditava que um dia, você iria dizer pra todos eles que me amava e que eu era a mulher de sua vida. Diria que aquela vida fútil e inútil que havia levado tinha acabado e agora, construiria uma família comigo.
Como pude ser tola a ponto de acreditar em um ser humano patético como você? Dizem que o amor é cego. Não, a ignorância é cega. Todas as noites quando chegava fedendo a cigarro e bebida, sabia onde você estava, mas me enganava. Eu sempre soube que você estava com “ela” seja lá quem fosse, ou quantas foram.
E quando precisei de você ganhei um sonoro “não”. Disse que tinha outros planos, que era melhor terminarmos, pois não estava dando certo. Disse que já não era como no começo, já não me amava. Me tocou o rosto, e teve coragem de pedir uma despedida.
Topei uma ultima vez na cama, afinal, era sua vontade, não era? Não me amava, mas “foder” sempre é bom. Verme. Eu não entendo como não consigo te odiar.
Me tocou com suas mãos sujas como se eu fosse um monte de lixo. Aproveitou cada segundo comigo. Acho que já tinha outra vagabunda te esperando, caindo no seu papo como eu acreditei. Me entreguei por inteiro. Fazia tudo o que você queria e ainda tolerava suas mancadas.
Te distrai para pegar minha faca. Fiz exatamente o que você merecia: uma morte lenta e agonizante. Cortei seu pescoço, um corte longo, mas não muito fundo, pra que você não perdesse o sentido de uma vez. Afundei apenas o bastante pra você se sentir fraco, e não reagir. Vi o sangue escorrendo e aquilo sim, me deu prazer de verdade, sua dor.
Fiz você se sentir como eu me sentia toda vez que você me chamava por outro nome.  Quando você atendia o celular e dizia que estava com uma “amiga” e que logo iria embora. Todas as vezes que você saiu sem dar explicação. E me agradou, ver você ir embora pra sempre de minha vida, sentir o sangue quase púrpura escorrendo entre meus seios. Você morria lentamente e ainda assim, sorria.
Tentou sussurrar suas ultimas palavras, disse “me perdoe”. Já tinha ouvido aquilo mil vezes, e não mais acreditava. E ainda continuou sorrindo.
Teus olhos brilharam pela ultima vez, e então se fecharam. Você se foi. Agora poderia continuar minha vida de onde parei, exatamente no dia em que te conheci. No dia em que abdiquei de minha vida para viver junto ao cafajeste que você era.
E agora que se foi, não sei o que fazer. Teu corpo está rígido e pesado, eu mal posso respirar. Uma lágrima fria arde em meus olhos, mas por quê? Você não merece nenhum sentimento, exceto pelo mais puro ódio, tudo que há de ruim reunido em apenas uma palavra, sem emoção.
A quem eu estava enganando? Sei que não posso ir em frente sem você, que meus dias se tornarão negros e que nunca mais voltarei a sorrir- nem verei teu sorriso tão chamativo... Sei bem o que tenho que fazer.
Peguei novamente a faca, e dessa vez era o meu pescoço que eu cortaria. Sofreria mais essa dor por você, ficaríamos juntos pra sempre. Eu te perdôo por tudo, aceitei em nome do amor, e sei que você também o fez. Apenas negava o que sentia, mas agora que a vida em você tinha se espairecido, finalmente percebera que nossos corações deveriam ser um só.
A luz cintilante apareceu. Meus olhos doem e não vejo nada além de uma clareza sem fim. Não o vejo, não enxergo nada. Procurei por suas mãos e não encontrei. Você não estava ali. Quando percebi, era tarde demais.
Um barulho ensurdecedor me acordou, e estava ensopada de sangue. Eu não sabia o que havia acontecido, mas não era bom. Pessoas vestidas de branco em cima de mim, dizendo pra eu me acalmar, que eu iria ficar bem. Perguntei de você. Era tudo que conseguia pensar. A resposta foi negativa, você tinha ido embora e agora eu conhecia a morte.
Se fosse pra ser assim, teria aceitado desde o começo. Carregarei na alma pra todo sempre, o teu último sorriso. Desejo-te um lugar bom pra descansar, e eu vou seguindo em frente. Sozinha, mas totalmente destruída.



4 comentários:

  1. Brunaa disse...

    Gostei do blog* Já tou a seguir, segues o meu? :) Bjs

  2. Anônimo disse...

    Gosto da crueldades das suas palavras.

  3. wanessa g. disse...

    Nossa, que profundo, melancólico.. Gostei da descrição que fizestes sobre tudo. Inclusive como seja a morte. Parabéns pelo texto.

  4. Tamiris Mend. disse...

    Alucinadoramente bom.

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